quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Traquilamente

Embora Tranquila….
No meio da multidão procuro por ti
Sacudo tudo e todos na esperança
De encontrar um murmúrio da tua existência…

Embora tranquila…
Lamento esse desespero
E pergunto-me: “O que vem a seguir?”

Embora tranquila…
Espero sem ansiedade, mas na passividade
Peço ao tempo para avançar para poder deixar de esperar
Mas peço ao relógio para parar porque enquanto não estás ainda existes!

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Ainda sou capaz...

Quero saciar-me nas noites de Lisboa.
Percorrer as ruas e as tascas.
Beber palavras e copos,
roçar-me nas sombras e nos corpos.

Quero cantar nas praças e nos bares,
em delírios de colcheias e cerveja,
e dançar como um perdido
até que a noite morra de inveja!

Quero dar beijos e provar o teu batôn,
abraçar-te, tirar o teu vestido.
Regar-te o peito com Napoleon
e beber-te gota a gota
num climax de luzes de néon.

Quero descobriros segredos do teu corpo,
ao som de tambores,violas e guitarras.
E juntos navegarmos em mar de amores
num navio sem âncora nem amarras.

E quando o dia chegar e eu partir,
ruelas e calçadas quero subir.
E do alto gritar, ao sol e ao mar,
que ainda sou capaz de sonhar, de amar
e de pecar!

Autoria: Mário Pereira

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

A Despedida!

E no meio da confusão alguém partiu sem se despedir….Foi Triste!

Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste…Talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece num baile de Carnaval – uma pessoa perde-se da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão.

É melhor para os amantes pensar que a última vez em que se encontraram se amaram muito. Depois, apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado – sem glória nem humilhação.

Creio que será permitido guardar uma leve tristeza e também uma lembrança boa, que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades, nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio e de sossego, um indefinível remorso e um recôndito despeito.

E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram na nossa vida….E que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão, mas que essa solidão ficou menos infeliz. Que importa se uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo da nossa noite e do nosso confuso sonho?

Talvez não mereçamos imaginar que existam outros verões! Se eles vierem, nós receberemos-los obedientes como as cigarras e as paineiras – com flores e cantos. O Inverno, lembras-te?, maltratou-nos – não havia flores, não havia mar; e fomos sacudidos de um lado para o outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.

Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para quê explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso. Lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: ADEUS!

A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de Domingo.

(texto: Rubem Braga)

Bonito né?!! Obrigado Deinha!.... Foi a identificação total, a dada altura....

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Encosta-te a mim...

Depois de uma letra da Mafaldinha, nada melhor do que uma letra de Jorge Palma, esta está simplesmente perfeita!

"Encosta-te a mim,
nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim,
talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim,
dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.

Chegado da guerra,
fiz tudo pra sobreviver em nome da terra,
no fundo pra te merecer
recebe-me bem,
não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói,
não quero adormecer.

Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi,
hei-de inventar contigo
sei que não sei,
às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem,
encosta-te a mim.

Encosta-te a mim,
desatinamos tantas vezes
vizinha de mim,
deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba
que não está armadilhada foi comprada,
foi roubada,
seja como for.

Eu venho do nada
porque arrasei o que não quis
em nome da estrada
onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim,
vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba,
quero adormecer.

Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi,
um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei,
às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem,
encosta-te a mim."

(By Jorge Palma)

Um abraço fechado

O Menino do piano

Vi um menino, com um piano,
No céu da minha cabeca,
Veio de tao longe, só para me pedir,
Que nunca o esqueca.

Vinha tocar o seu piano,
Como só nos sonhos pode ser,
Por entre as nuvens e as estrelas,
Apareceu, quando me viu, adormecer.

Ficou sentado, perto de mim,
Onde mora a fantasia,
Quis-lhe tocar, mas nao se pode ter,
A noite a iluminar o dia.

Soprou devagarinho, uma estrela,
Que se acendeu na sua mao,
Disse-me podes sempre ve-la,
Se souberes sopra-la no teu, coracao.

Vi um menino, com um piano,
A despedir-se de mim,
Como uma nuvem, fez o mar e partiu,
Nos sonhos pode ser assim.

Disse-me esta a nascer o dia,
Vou p'ra onde a noite se esconder,
Volto com a primeira estrela,
Para tu nunca teres medo, ao escurecer.


Achei que para primeiro post no nosso novo blog nada melhor do que a letra de uma música da "nossa" querida Mafaldinha.
De entre tantas, escolhi esta por ser uma história de encantar....

Bjs